A resposta do post anterior
O Desambientado propôs avaliar a velocidade com que a água se desloca: mede-se um determinado comprimento, abandona-se um objecto e vê-se quanto tempo esse objecto leva a ir de um ponto ao outro.
Querem saber o que aconteceu a seguir? Com tanta água a correr mesmo ali fizemos na sala…..barquinhos de papel e fomos colocar na ribeira!
Vejam só nesta fotografia o entusiasmo das minhas crianças.
E agora, como continuar?
Por estas alturas eu e outras colegas, andávamos a ter reuniões com uma senhora Doutora da Universidade (e que senhora Doutora!), a Professora Rosalina Gabriel que de entre várias coisas, apresentou-nos alguns livros demonstrativos de experiências viáveis na escola, inclusive no jardim de infância. Recordei-me então da experiência “Afunda-se ou não?”** que tinha por objectivo demonstrar à criança que o espaço que os objectos ocupam dentro da água é factor para que estes possam afundar ou flutuar na água.
Para quem não conhece esta experiência aqui vão os “ingredientes”:
- uma bola grande de plasticina;
- berlindes;
-materiais como cortiça, clipes, pregos, pedaços de madeira, etc.
- uma taça grande com água.
Coloca-se todos estes materiais na água, ou melhor, pede-se a cada criança que coloque um destes materiais na água mas, antes há sempre que perguntar:
“Achas que vai para o fundo ou vai ficar cá em cima?”
“Achas que vai afundar ou vai flutuar?”
Bem, quando pergunto “Porquê?”, em resumo, as respostas convergem para a explicação que os objectos que vão ao fundo são pesados e os que flutuam são leves.
Mas, experimentem fazer um barquinho de plasticina com um pedaço de plasticina igual ao pedaço que formou a bola que foi ao fundo (não aconselho fazer com a mesma plasticina que serviu para fazer a bola pois ela está muito molhada, o que dificulta a realização perfeita do barquinho – surgem sempre ranhuras, o que provoca entrar água).
Ao colocar o barco de plasticina na água, sem deixar que entre alguma água, verificou-se que a mesma plasticina que antes fora ao fundo agora não ia!!!
Se experimentarem colocar o prego, ou o clips dentro do barco verão que estes objectos não vão agora ao fundo.
A justificação está em tentar que a criança observe que quando fizemos um barco com a plasticina, a plasticina passou a ocupar um espaço maior dentro da água embora, o peso continuasse o mesmo. É por isso que os barcos “muito grandes”, conseguem flutuar nos rios ou nos mares.
E pronto. A partir de uma actividade plástica (execução de barquinhos de papel) seguimos para a observação de uma experiência que, indiscutivelmente promoveu uma atitude científica:
- a possibilidade de aprender gradualmente através das suas próprias actividades.
** Providência, C., Alberto, H. & Fiolhais, C. (1999) Ciência a brincar. Colecção Tecnologias do Futuro.Editora Bizâncio, Soc. Portuguesa de Física
ISBN: 9725300580
18 Comments:
Parabéns!
Agora sim, já posso dizer que existem Educadores Ambientais.
Afinal, se não compreendermos os fenómenos naturais como os podemos preservar/conservar?
Mais uma vez parabéns por esta iniciativa e fico a aguardar por mais experiências.
Olá Natália!!!
Tudo bem??
P'ra mim receber um comentário teu no meu blog é de um grande valor porque és como és...... crítica e observadora a todas as atitudes das pessoas perante o meio envolvente.
Obrigada por teres passado por aqui.
Bjinhos
Cá está uma actividade muito simples e de grande valor pedagógico.
Um educador atento às possibilidades do meio envolvente, aproveitando-as para situações de aprendizagem.
Muito bem Cidália! Adorei este trabalho e aguardo mais.
Muito bem.
A técnica que utilizaste para levar o aluno a interpretar os resultados chama-se técnica do Inquiry. É importante saber dirigir o aluno para determinada conclusão.
Fátima tudo bem?
Pois é.... uma actividade simples que se não fosse apresentada pela Drª Rosalina nem me passaria pela cabeça!!!
Mas sabes.... o reseultado correu muito bem e... todos os anos faço esta experiência nas sala por onde tenho passado e imagina que são sempre respostas diferentes e há sempre um factor novo que as crianças acrescentam.
Tô a lembrar-me que este ano uma criança propôs que fossemos pessar todo o material que colocamos dentro do barquinho isto porque, a determinada altura.... com tanto pesso o barco foi mesmo para o fundo!!
Estas actividades têm sido para mim muito gratificantes porque não é só eles que aprendem algo de novo, eu também vejo as coisas sempre com outros olhos.
Obrigada por teres passado por aqui
Olá Dr. Félix!!!
Que tal Cuba???
Quando acabar aqui vou já ver o seu blog.... pode ser que haja alguma reportagem por lá...
Bem sobre o seu comentário como eu já havia dito anteriormente..... falta-me sempre os conceitos exactos para que quando me perguntarem sobre o assunto eu poder de facto dizer tecnicamente sobre o que eu fiz.
Tenho um colega que diz "O que diferencia uns docentes de outros é saberem explicar PORQUÊ realizaram determinadas práticas dentro da sala". Quero sempre ter SEMPRE uma razão para justificar o que faço por isso, a partir de agora vou dizer também que... apliquei a técnica de Inquiry.
Obrigada.
Com os seus comentários aprendemos sempre algo.
Outra coisa Dr. Félix... não me esqueci de ir bater a porta do seu gabinete.
Poderá não ser só para tratar de experiências.....
Olá Cidália.
Não pus um post sobre Cuba, mas foi a temática do último post que abordei no 5º Congresso Internacional de Educação Superior. Certamente colocarei mais qualquer coisa sobre Cuba.
Últimamente toda a gente quer falar comigo. Está dificil atender a todos individualmente. Diga quando.
Dr. Félix,
Irei em breve
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Bom Carnaval.
É tudo muito bonito, muito interessante, mas então as fotografias dos meninos publicadas na internet, será assim tão interessante?
Mesmo com autorização dos encarregados de educação (se é que houve?) seria bem melhor desfocar a cara dos inocentes?
A Pestinha
Pestinha
Porque desfocar se é a alegria e as expressões das crianças que retratam o sucesso das actividades?
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