2.16.2006

A resposta do post anterior

Bem alguns dos meus visitantes deixaram algumas dicas do que poderia fazer depois para continuar este tema.
O Desambientado propôs avaliar a velocidade com que a água se desloca: mede-se um determinado comprimento, abandona-se um objecto e vê-se quanto tempo esse objecto leva a ir de um ponto ao outro.
A colega Fátima Silva deu a ideia de efectuar medições regulares (mensalmente, quinzenalmente...) e preencher um gráfico e depois interpretar, porque a ribeira tem mais ou menos água em determinados meses. Óptimas ideias que nem me passaram pela cabeça!
Querem saber o que aconteceu a seguir? Com tanta água a correr mesmo ali fizemos na sala…..barquinhos de papel e fomos colocar na ribeira!
Vejam só nesta fotografia o entusiasmo das minhas crianças.

Alguns dos barquinhos desmancharam-se, “porque não estavam bem feitos”, comentou o Dário mas os outros…. Fizeram o delírio nas crianças: “os que ficaram direitos não foram para o fundo!”
E agora, como continuar?
Por estas alturas eu e outras colegas, andávamos a ter reuniões com uma senhora Doutora da Universidade (e que senhora Doutora!), a Professora Rosalina Gabriel que de entre várias coisas, apresentou-nos alguns livros demonstrativos de experiências viáveis na escola, inclusive no jardim de infância. Recordei-me então da experiência “Afunda-se ou não?”** que tinha por objectivo demonstrar à criança que o espaço que os objectos ocupam dentro da água é factor para que estes possam afundar ou flutuar na água.



Para quem não conhece esta experiência aqui vão os “ingredientes”:
- uma bola grande de plasticina;
- berlindes;
-materiais como cortiça, clipes, pregos, pedaços de madeira, etc.
- uma taça grande com água.
Coloca-se todos estes materiais na água, ou melhor, pede-se a cada criança que coloque um destes materiais na água mas, antes há sempre que perguntar:
“Achas que vai para o fundo ou vai ficar cá em cima?”


Depois de verem o que acontece, começo a fazer a pergunta com outra terminologia:
“Achas que vai afundar ou vai flutuar?”


Claro que alguns objectos vão ao fundo como a bola de plasticina, os clipes, os pregos, mas outros como a cortiça, a madeira ficam a flutuar.
Bem, quando pergunto “Porquê?”, em resumo, as respostas convergem para a explicação que os objectos que vão ao fundo são pesados e os que flutuam são leves.
Mas, experimentem fazer um barquinho de plasticina com um pedaço de plasticina igual ao pedaço que formou a bola que foi ao fundo (não aconselho fazer com a mesma plasticina que serviu para fazer a bola pois ela está muito molhada, o que dificulta a realização perfeita do barquinho – surgem sempre ranhuras, o que provoca entrar água).
Ao colocar o barco de plasticina na água, sem deixar que entre alguma água, verificou-se que a mesma plasticina que antes fora ao fundo agora não ia!!!
Se experimentarem colocar o prego, ou o clips dentro do barco verão que estes objectos não vão agora ao fundo.


A justificação está em tentar que a criança observe que quando fizemos um barco com a plasticina, a plasticina passou a ocupar um espaço maior dentro da água embora, o peso continuasse o mesmo. É por isso que os barcos “muito grandes”, conseguem flutuar nos rios ou nos mares.

E pronto. A partir de uma actividade plástica (execução de barquinhos de papel) seguimos para a observação de uma experiência que, indiscutivelmente promoveu uma atitude científica:
- a possibilidade de aprender gradualmente através das suas próprias actividades.


** Providência, C., Alberto, H. & Fiolhais, C. (1999) Ciência a brincar. Colecção Tecnologias do Futuro.Editora Bizâncio, Soc. Portuguesa de Física
ISBN: 9725300580

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