
Muitas das experiências que podem ocorrer dentro da sala de aula, poderão surgir a partir de situações diárias, como por exemplo, as visitas de estudo ou, como eu prefiro dizer, “dos nossos passeios”.
A ideia de relatar esta minha “experiência”, surgiu depois de eu ter visitado o
blog da minha colega Luzia, no qual havia um post que abordava o tema das ribeiras, no caso a `Ribeira de S. Roque.
Antes de começar o relato destes passeios partilho convosco um pensamento:
“Aprender pressupõe um processo pessoal e activo de construção de conhecimento. Esta perspectiva construtivista opõe-se à concepção do sujeito receptor passivo de saberes transmitidos e supõe que, em qualquer processo de ensino e de aprendizagem, o aluno deva ser considerado um sujeito activo, possuidor de vivências e objectivos próprios que lhe permitem interagir com o meio físico e social e que condicionam, de forma decisiva, as novas aprendizagens”
Isabel Martins e Luísa Veiga
Partindo do pressuposto criança ser activo, possuidor de vivências próprias, no ano lectivo, estando a exercer as minhas funções no jardim de infância da Casa da Ribeira –Ilha Terceira, Açores, resolvi em conjunto com o meu grupo de crianças, sair da sala e partirmos à descoberta daquela ribeira que, estava ali, mesmo ao lado da escola e até pertencia as casas dos meninos que frequentavam o jardim de infância.
Todas as quartas-feiras (menos aquelas que o tempo não permitia) íamos ver a nossa ribeira.
Desde descobrir quais os animais que existiam na ribeira como cabras, galinhas, cavalos e burros (uns têm asas, outros não têm; uns têm 4 patas outros 2, uns são maiores outros são menores), como observar as plantas da ribeira (algumas tivemos que trazer para a sala, para podermos observar melhor com a nossa lupa, para depois podermos agrupá-las e seriá-las pelo tamanho, cor ou mesmo pela forma das folhas)

Até tentamos descobrir como era a água da nossa ribeira.
O Dário com muito cuidado encheu um frasquinho com água do fundo da ribeira e depois, o Bruno encheu outro frasco com água logo de cima.
Na sala antes de observarmos melhor os dois frascos coloquei a pergunta
“Será que podemos beber esta água?” “Não” foi a resposta uníssona daquele grupo que já sabia mais de ribeiras do que eu mas quando eu pergunto
“Como é que vocês sabem isso?” , a resposta torna-se mais complicada.
Peço entretanto ao grupo um breve olhar para os nossos dois frascos e ainda encho, um terceiro com água da garrafa que temos na sala para beber água.
Sem fazermos algum tipo de análise química, pudemos constatar, que tanto a água do fundo da ribeira (escura, com terra) como a água de cima (no fundo do frasco havia uns bichinhos esquisitos, dizia-me uma criança) não pareciam “limpas” como a água que usamos para beber.
È certo que todas as crianças sabiam que aquela água não era própria para elas beberem mas descobrir porque, foi um tanto divertido para este grupo.
Os frascos da água na nossa ribeira permaneceram durante algumas semanas na nossa sala pois, era a prova viva das afirmações do grupo. Além do mais, serviram de “modelos” para diferentes registos daquela nossa experiência.
Considero que acções como estas, de interacção com o meio condicionam, novas aprendizagens.
Resta agora saber se são decisivas ou não para o futuro da criança. Qual é a sua opinião?