1.31.2006

As nossas descobertas na ribeira - Parte II

O relato que agora vou contar é ainda sobre a “minha ribeira”, a qual foi fonte de muitas actividades e de construção de saberes dentro do grupo.
A situação decorre a partir de um jornal (material que tenho com frequência na sala, não só para o recorte mas também para a área da escrita), ou melhor da seguinte notícia:


Quando acabei a leitura desta notícia ouvi a Vitória dizer “E se isso acontece na minha casa?” Bem, a minha intenção não era alarmar mas antes apresentar uma situação que havia acontecido num outro lugar onde havia uma ribeira parecida com a nossa ribeira.
O melhor seria medir o nível da água, pensei. E assim foi.

Medimos o nível da água num dos pontos mais perto da nascente da ribeira e medimos novamente noutro local, exactamente em frente à casa da Vitória.
Utilizamos dois pauzinhos nos quais assinalámos os níveis e que depois foram levados para a sala para podermos analisar os factos de forma a encontrarmos as conclusões ou soluções da situação ou do problema.

Com o auxílio dos materiais existentes na área das experiências, como uma fita métrica, na sala pudemos medir cada um dos pauzinhos e verificámos que o nível da água é maior “lá em cima”, do que “cá em baixo”.




Utilizamos a informação retirada de uma enciclopédia infantil para tentar perceber um pouco mais da vida daquela ribeira. A Joana “retratou” a informação que recebeu através deste desenho (O Ciclo da água).

Durante todo este processo, a criança para além de descobrir determinadas coisas sobre um determinado assunto, ela está ainda a adquirir uma série de aptidões, nomeadamente atitudes

científicas como a importância de descobrir em vez de usar ideias pré-concebidas.


E agora na sala, como continuar este tema? Qual a experiência que poderei usar? Deixo a pergunta no ar e se quiserem podem responder mas... terão que esperar pela resposta no próximo post.

1.23.2006

As nossas descobertas na ribeira - Parte I


Muitas das experiências que podem ocorrer dentro da sala de aula, poderão surgir a partir de situações diárias, como por exemplo, as visitas de estudo ou, como eu prefiro dizer, “dos nossos passeios”.
A ideia de relatar esta minha “experiência”, surgiu depois de eu ter visitado o blog da minha colega Luzia, no qual havia um post que abordava o tema das ribeiras, no caso a `Ribeira de S. Roque.
Antes de começar o relato destes passeios partilho convosco um pensamento:

“Aprender pressupõe um processo pessoal e activo de construção de conhecimento. Esta perspectiva construtivista opõe-se à concepção do sujeito receptor passivo de saberes transmitidos e supõe que, em qualquer processo de ensino e de aprendizagem, o aluno deva ser considerado um sujeito activo, possuidor de vivências e objectivos próprios que lhe permitem interagir com o meio físico e social e que condicionam, de forma decisiva, as novas aprendizagens”
Isabel Martins e Luísa Veiga
Partindo do pressuposto criança ser activo, possuidor de vivências próprias, no ano lectivo, estando a exercer as minhas funções no jardim de infância da Casa da Ribeira –Ilha Terceira, Açores, resolvi em conjunto com o meu grupo de crianças, sair da sala e partirmos à descoberta daquela ribeira que, estava ali, mesmo ao lado da escola e até pertencia as casas dos meninos que frequentavam o jardim de infância.
Todas as quartas-feiras (menos aquelas que o tempo não permitia) íamos ver a nossa ribeira.

Desde descobrir quais os animais que existiam na ribeira como cabras, galinhas, cavalos e burros (uns têm asas, outros não têm; uns têm 4 patas outros 2, uns são maiores outros são menores), como observar as plantas da ribeira (algumas tivemos que trazer para a sala, para podermos observar melhor com a nossa lupa, para depois podermos agrupá-las e seriá-las pelo tamanho, cor ou mesmo pela forma das folhas)



Até tentamos descobrir como era a água da nossa ribeira.
O Dário com muito cuidado encheu um frasquinho com água do fundo da ribeira e depois, o Bruno encheu outro frasco com água logo de cima.
Na sala antes de observarmos melhor os dois frascos coloquei a pergunta “Será que podemos beber esta água?” “Não” foi a resposta uníssona daquele grupo que já sabia mais de ribeiras do que eu mas quando eu pergunto “Como é que vocês sabem isso?” , a resposta torna-se mais complicada.
Peço entretanto ao grupo um breve olhar para os nossos dois frascos e ainda encho, um terceiro com água da garrafa que temos na sala para beber água.
Sem fazermos algum tipo de análise química, pudemos constatar, que tanto a água do fundo da ribeira (escura, com terra) como a água de cima (no fundo do frasco havia uns bichinhos esquisitos, dizia-me uma criança) não pareciam “limpas” como a água que usamos para beber.
È certo que todas as crianças sabiam que aquela água não era própria para elas beberem mas descobrir porque, foi um tanto divertido para este grupo.
Os frascos da água na nossa ribeira permaneceram durante algumas semanas na nossa sala pois, era a prova viva das afirmações do grupo. Além do mais, serviram de “modelos” para diferentes registos daquela nossa experiência.

Considero que acções como estas, de interacção com o meio condicionam, novas aprendizagens.
Resta agora saber se são decisivas ou não para o futuro da criança. Qual é a sua opinião?

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